Peças anteriores

Vasos funerários da Idade do Bronze médio
Meados do 2º milénio BC
Necrópoles de cistas da região de Sines
Os recipientes cerâmicos representados foram encontrados nas escavações arqueológicas de necrópoles de cistas da região de Sines. As peças de colo estrangulado imitam modelos metálicos e acompanhavam os mortos de elevado estatuto social, depositados em decúbito lateral e posição flectida dentro de caixas pétreas, onde a terra supostamente não entraria, protegidas por tumulus e agregadas em cemitérios. Estes recipientes integram-se na chamada Cultura do Bronze do Sudoeste que se desenvolveu no Sul de Portugal, na Andaluzia e Extremadura espanhola. Aqueles contentores funerários são datados de meados e terceiro quartel do 2º milénio BC (1500-1250 cal BC) e correspondem a uma fase de retoma do desenvolvimento demográfico, económico e social do Sudoeste da Península Ibérica, após a crise da Idade do Bronze antigo, em que esta região terá estado submetida a exploração pelo Estado de El Argar. Exploração que acabaria por cessar com o colapso daquele centro de poder e pela emergência das suas antigas periferias.
Funerary pottery of the Middle Bronze Age
Mid 2nd millennium BC
Cist necropolis of the Sines region
The ceramic containers represented were found in the archaeological excavations of several cist necropolis in the region of Sines. Ceramic forms with strangled neck imitate metallic models and accompanied the dead of high social status, deposited in lateral decubitus and flexed position in stone boxes, where the earth supposedly would not enter, protected by tumulus and aggregated in cemeteries. This pottery is dated to the mid and third quarter of the 2nd millennium BC (1500-1250 cal BC), and integrates the Southwest Bronze Age Culture, which encompassed the South of Portugal, Andalusia and Spanish Extremadura. The Southwest enters in a phase of economic and social recovery after the collapse of its strongest neighbor, the State of El Argar.
J.S.

TAÇA CAMPANIFORME TIPO PALMELA
Hipogeu 3 da necrópole da Quinta do Anjo
Final do Calcolítico/Idade do Bronze antigo. C. 2250 BC
A cerâmica decorada de estilo campaniforme é uma das mais expressivas materialidades do sistema económico de bens de prestígio que vigorou em quase toda a Europa, com enclaves no norte de África, entre 2600/2500 e 2200/1800 BC. Trata-se de um momento fulcral da nossa Pré-história, durante o qual colapsa a sociedade de base parental, de diferenciação horizontal, e emerge a sociedade verticalmente diferenciada, com apropriação de mais-valias comunitárias por elites guerreiras, detentoras do controlo da metalurgia do cobre arsenical e do ouro e de outros bens de prestígio. O seu estudo revela como a desigualdade de riqueza e poder se foi naturalizando até às situações extremas que caracterizam o mundo contemporâneo, sob uma ficcionada capa de meritocracia.
Bell Beaker bowl of Palmela style.
Hypogeum 3 of the necropolis of Quinta do Anjo
The Bell Beaker pottery is one of the most prominent materialities of the economic system of prestige goods, which spread almost all over the European Continent and also in some areas of North Africa, at the late Chalcolithic and early Bronze Age (2600-1800 BC). The study of the changing mechanisms of this moment of our Prehistory can provide information to understand how the huge differences in wealth and power ruling the contemporaneous world can be tolerated by present-day society.
J.S.

VASO DE CERÂMICA IMPRESSA DO NEOLÍTICO ANTIGO (2º quartel do VI milénio BC). VALE PINCEL I (SINES)
Este é o recipiente cerâmico mais antigo encontrado no actual território português. Proveio de uma lareira da macro-aldeia neolítica de Vale Pincel I (Sines), debruçada sobre o Atlântico, e datada por radiocarbono a partir de amostra de carvão de vida curta: Beta-164664 - 6740±40 BP (5720‐5569 cal BC, a 2 sigma). De corpo ovóide e base plana, provido de 2 pegas mamilares perfuradas, apresenta pasta muito grosseira e decoração impressa a punção de extremidade romba, sugerindo sementes de cereal. A acidez do solo não permitiu a conservação de provas directas da agricultura. Porém, o estudo traceológico da utensilagem em sílex comprovou a existência de característicos elementos de foice com lustre de cereal. Escavações dirigidas por Carlos Tavares da Silva e Joaquina Soares.
Pre-Cardial pottery with impressed and plastic decoration from the earliest Neolithic Portuguese macro-village located at Vale Pincel I (Sines), facing the Atlantic shore. The fireplace where the recipient was found has been dated by radiocarbon in the 2nd quarter of the VI millennium cal BC. Because of the acidity of the sediments, organic materials were scarcely preserved. However the microscopic analysis of the use-wear traces on flint bladelets revealed many lithic tools used for the harvesting of crops. The archaeological excavations were carried under the direction of Carlos Tavares da Silva and Joaquina Soares.
Bibliografia/bibliography
Tavares da Silva, C.; Soares, J. (2015) - Neolitização da costa sudoeste portuguesa. A cronologia de Vale Pincel I. Actas do 5º Congresso do Neolítico Peninsular. Lisboa: Uniarq, p. 645-659.
Soares, J.; Mazzucco, N.; Clemente-Conte, I. (2016) - The first farming communities in the Southwest European Coast: A traceological approach to the lithic assemblage of Vale Pincel I. Journal of Antropological Archaeology, 41, p. 246-262.

Garrafaria e Sismo de 1755
Recuperadas durante as excavações arqueológicas realizadas pelo MAEDS em uma casa nobre da Av. Luisa Todi em Setúbal, as garrafas de vidro, muito provavelmente produzidas na Real Fábrica de Coina, poderão ter sido destinadas a conter “Água de Inglaterra”, água de quina muito utilizada nesse período, pelas suas qualidades medicinais.
Estes exemplares e um conjunto notável de outros objectos foram encontrados no silo da residência, sob os derrubes de paredes do imóvel colapsadas por efeito do sismo de 1755, o qual causou em Setúbal elevados danos, só comparáveis aos de Lisboa. O imóvel afectado foi rapidamente reconstruído, havendo documento de 1762 que regista como seu proprietário o cônsul inglês Adolfo Pesch.
Glass bottles and the 1755 earthquake
Set of glass bottles recovered in the excavations of an aristocratic house located on Avenida Luísa Todi (Setúbal) under the Museum initiative. These bottles most likely produced at the Coina Royal Factory may have been destined to contain “England water”, a tonic water with quinine composition that was widely used in that period, for its medicinal qualities.
These specimens and a remarkable set of other objects were found in the storage pit of the residence, under the walls of the property collapsed due to the 1755 earthquake, which caused high damage in Setúbal, only comparable to those in Lisbon. The affected property was quickly rebuilt, and we know from a 1762 document that records the English consul Adolfo Pesch as its owner.

LUCERNA ROMANA-REPUBLICANA DE CHIBANES
Lucerna de tradição helenística (tipo G de Ricci/ Dressel 1B), com ampla cronologia (130-30 a. C) e distribuição. Foi encontrada em Chibanes em um contexto habitacional de c. 70-50 a. C. durante as escavações arqueológicas aí realizadas pelo MAEDS.
Trata-se de um artefacto indispensável à vida quotidiana, bem adaptado à tradicional iluminação a azeite mediterrânea. Se no ambiente doméstico fazia recuar as sombras, também na morte iluminaria o caminho oculto da grande viagem, integrando pois deposições funerárias.
Embora fabricadas em série, as lucernas romano-republicanas possuem em geral pasta bem depurada, e motivos decorativos geométricos no disco que realçam a elegância da forma, como se pode ver no exemplar de Chibanes, onde ainda se conservam vestígios do verniz negro que revestia as superfícies externas da peça.
ROMAN-REPUBLICAN LAMP FROM CHIBANES
Hellenistic tradition lamp (Ricci type G/ Dressel 1B), with wide diachrony (130-30 BC) and circulation. This lamp was found in a residential environment dated between c. 70-50 BC during the archaeological excavations held by this Museum (MAEDS) at Chibanes (Palmela).
It is a crucial artefact for everyday life, well adapted to traditional Mediterranean olive oil lighting. If in the domestic environment it made the shadows recede, in the afterlife it would enlight the hidden path of the great journey, and doing so is often found in funerary depositions.
Although manufactured on a large scale base, the Roman-Republican lamps generally have a well-purified clay and geometric decorative motifs on the disc that enhance the elegance of the shape, as can be seen in the Chibanes example, where traces of the original black gloss still cover the external surfaces of the lamp.

ÍDOLO-PLACA DA LAPA DO BUGIO (SESIMBRA).
Neolítico Final
Os ídolo-placa, geralmente de xisto, mais raramente de grés ou calcário, surgiram no Neolítico final do Centro e Sul de Portugal, em ambientes, de um modo geral, funerários, há cerca de 5200-5000 anos e sobreviveram até aos inícios de Calcolítico, há cerca de 4800 anos. A sua conotação com a morte é evidente, tal como com o sexo feminino da entidade que representam.
A maioria dos exemplares conhecidos apresenta um carácter antropomórfico estilizado, cujo corpo se encontra “vestido” por estrutura têxtil de motivos geométricos diversificados; algumas peças mais evolucionadas possuem olhos solares. Excepcionalmente, a representação antropomórfica gravada nestas placas pétreas surge desnuda, com signos atribuídos ao sexo feminino. Na esmagadora maioria dos exemplares existe no topo um orifício que permitia a sua suspensão ao pescoço da(o) defunta(o).
Diversas interpretações têm sido propostas para estes ideoartefactos “icónicos” da Pré-história portuguesa, que não serão aqui debatidas.
O exemplar apresentado, proveniente de ossuário da Lapa do Bugio, do Neolítico final, e pertencente ao acervo do MAEDS, apresenta uma iconografia única. No interior do corpo da divindade feminina, encontra-se figurado o ídolo almeriense, muito divulgado em contextos coevos do Sudeste da Península Ibérica, manufacturado frequentemente em placa óssea. Podemos assim ler neste ídolo-placa uma alusão à maternidade, mas mais ainda, à interacção entre as costas atlântica e mediterrânea do sul da Ibéria e apreender uma narrativa que com 5000 anos nos indica ainda caminhos com futuro.
ENGRAVED SCHIST PLAQUE OF LAPA DO BUGIO (SESIMBRA)
Late Neolithic
The specimen presented here, from the late Neolithic, with about 5000 years, has a unique iconography. Inside the body of the female divinity is the Almerian idol, widely represented in Late Neolithic contexts of the Iberian Southeast. We can thus read in this artifact an allusion to motherhood, but even more so, to the interaction of the south of the Iberian Peninsula coast by coast, from the Atlantic to the Mediterranean. A history of 5000 years ago can, amazingly, indicate a future path.

CAPITEL DE COLUNA, DE ESTILO CORINTIZANTE, DO SÉCULO II d.C., DECORADO COM MOTIVOS VEGETALISTAS
Exemplar encontrado em Caetobriga, nas escavações da Rua Vasco Soveral, 8-12, da iniciativa do MAEDS, sob a direcção de Joaquina Soares, onde hoje se localiza um alojamento local propriedade da Engª Ana Saraiva Carvalho. De excelente execução, em calcário beje, possui 22cm de altura. As suas dimensões são compatíveis com um espaço privado, eventualmente o peristilo ou o triclinium da domus (“Casa dos Mosaicos”) parcialmente escavada na Rua António Joaquim Granjo.
As faces laterais do capitel encontram-se decoradas por quatro palmetas, uma em cada face. A organização é simétrica e com equilibrado jogo de claros-escuros. A decoração vegetalista, inspirada em ornamentos helenísticos, observa-se a partir dos séculos I e II d.C. Os exemplares mais antigos surgiram em Pompeia, geralmente em edifícios privados.
A decoração tem paralelos nos capitéis corintizantes de Cadafais (Alenquer), Casa dos Bicos (Lisboa) e Santarém, e embora possa ter sido produzida em oficina da região de Lisboa, que por hipótese abasteceria Felicitas Iulia Olisipo e território circundante, o capitel corintizante de Setúbal também pode ser relacionado com fluxos comerciais mais amplos, de oficinas provinciais do sul da Península Ibérica que por via marítima e fluvial ou por via terrestre (Olisipo - Caetobriga - Salacia - Ebora - Augusta Emerita) fizeram circular matérias-primas como mármore de Estremoz ou calcário de Sintra, presentes na província da Bética em cidades como Itálica e Baelo Claudia, entre outras. Pelas mesmas vias podem ter sido comercializados cartões e produtos manufacturados. O valor e apreço pelo capitel da Rua Vasco Soveral explicam que o seu proprietário o tenha mandado restaurar na parte quebrada de uma das folhas da coroa inferior, através de pequeno espigão metálico, parte integrante da biografia da peça.
COLUMN CAPITAL, CORINTHIAN STYLE, FROM THE 2nd CENTURY AD, DECORATED WITH FOLIAGE ORNAMENT
Capital found in Caetobriga (Setúbal), in the excavations of Rua Vasco Soveral 8-12, under the MAEDS initiative and Joaquina Soares direction, where today a local accommodation owned by C. Eng. Ana Saraiva Carvalho is located. With excellent execution, in beige-white limestone, it is 22cm high. Its dimensions are compatible with a private space, possibly the peristyle or the triclinium of a domus ("Casa dos Mosaicos") partially excavated on the surrounding area (Rua António Joaquim Granjo).
The lateral faces of the capital are decorated by four acanthus leaves, one on each side. The organization is symmetrical and with a balanced game of light-dark shadows. The vegetal decoration, inspired by Hellenistic ornaments, can be seen from the 1st until the 2nd century AD. The oldest specimens appeared in Pompeii, usually in private buildings.
The decoration find similarities in the Corinthian style capitals of Cadafais (Alenquer), Casa dos Bicos (Lisbon) and Santarém, and although it may have been produced in a workshop in the Lisbon region, which hypothetically would supply Felicitas Iulia Olisipo and the surrounding territory, the Corinthian style capital of Setúbal can also be related to wider commercial flows, from provincial workshops in the south of the Iberian Peninsula that by sea and river or by land (Olisipo - Caetobriga - Salacia - Ebora - Augusta Emerita) boosted the circulation of raw materials like Estremoz marble or Sintra limestone, that were found in the province of Baetica in cities such as Italica and Baelo Claudia, among others. Cards with models and manufactured products may have been sold along the same routes. The value and appreciation for the column capital of the Rua Vasco Soveral explain that its owner had it restored on the broken part of one of the acanthus leaves of the lower crown through a small metallic spike that shows an important part of the piece biography.
Bibliografia | Bibliography
Soares, J.; Fernandes, L.; Tavares da Silva, C.; Pereira, T.R.; Duarte, S.; Coelho-Soares, A. (2019) - Preexistências de Setúbal: intervenção arqueológica na Rua Vasco Soveral 8-12. Ophiussa, 3, p. 155-183.

Estela funerária de Ervidel II
Grande laje de xisto grauváquico com 1.75 m de altura, 0,59 m de largura e 0,23 m de espessura, decorada em uma das faces por elementos que permitem integrá-la no grupo das estelas extremenhas, do Sudoeste da Península Ibérica, pertencente ao final da Idade do Bronze. Foi encontrada em posição secundária, na necrópole de cistas da Herdade de Pomar, freguesia de Ervidel, concelho de Aljustrel. A face decorada foi previamente preparada por bujardagem. As gravuras foram realizadas sobre esse fundo, por picotagem indirecta; ocupam cerca de três quartos do comprimento total do suporte. A composição organiza-se em três níveis: − No centro, é figurado, com grande destaque, um escudo de chanfradura em V; − Na parte superior, salienta-se um personagem fálico, muito estilizado. Esse personagem ostenta na cintura uma espada de lâmina em língua de carpa e sobre a cabeça, uma lança. Sobre o ombro esquerdo surge a representação de uma pinça e à sua frente, a de uma fíbula de cotovelo. Rodeando-o, podem ainda ver-se representações de um cão, espelho e pente. Objectos de prestígio similares têm sido encontrados em outros contextos, como o monumento da Roça do Casal do Meio, no concelho de Sesimbra, datado radiometricamente de meados do século XI a finais do século IX BC; − No nível inferior da composição, surgem dois personagens (um deles fálico) em posição jacente, figurando mortos ou personagens subalternos relativamente à figura do guerreiro representado no registo superior. Este poderia corresponder a uma representação simbólica e heroicizada de um chefe local ou regional. A estela constitui um verdadeiro tratado de paleo-sociologia, ilustrando claramente o carácter estratificado das sociedades do Bronze final no Sudoeste da Península Ibérica.
Funerary stele of Ervidel II
The funerary stele of Ervidel II, on greywacke-schist, is 1.75m x 0.59m x 0.23m. The symbolic elements engraved on one of its faces, link this monumental artefact to the Extremadure group of the Southwestern Iberia grave stelae, dating back, from the Late Bronze Age. This stele has been found in a secondary position, in the necropolis of cistlike graves of Herdade de Pomar, Parish of Ervidel, Municipality of Aljustrel. The carved motives occupy almost three quarters of the total prepared area, and they are organized into three levels: − In the centre, there is a highlighted representation of a V-notched shield; − In the upper level, there is a phallic human figure, very stylized, probably representing a local chief surrounded by prestige items and weapons. That personage exhibits a sword of “língua de carpa” type at the waist. There is a spear above the head, and tweezers, above the left shoulder. At the front, there is a fibula. A dog, a mirror and a comb are lying below. Similar objects have been found in other contexts like the tomb of Roça do Casal do Meio, near Sesimbra, dated by radiocarbon from mid-11th century till the end of the 9th century BC. − In the lower level, we can see, in a defeated position, two clearly devaluated human figures in comparison to the powerful warrior, represented on the top. The stele of Ervidel II displays the power of a local or regional chief in a period in which social stratification emerged. Charismatic chiefs centralized the political power and became heroized leaders.
Bibliografia
Gomes, M. V. ; Monteiro, J. P. (1976-77) – As estelas decoradas da Herdade de Pomar (Ervidel-Beja). Estudo comparado. Setúbal Arqueológica, II-III, p. 281-351.
Tavares da Silva, C.; Soares, J. (2006) – Territórios da Pré-história em Portugal. Setúbal e Alentejo Litoral. Tomar: Centro de Pré-história do Instituto Politécnico de Tomar.
Vilaça, R.; Cunha, E. (2005) – A Roça do Casal do Meio (Calhariz, Sesimbra). Novos contributos. Al madan, IIªS, 13, p. 48-57.
Enquanto trocamos as voltas ao covid-19, ficando em casa... Conheça algumas das peças que o MAEDS seleccionou para si.

Estela epigrafada
I Idade do Ferro - Cerca do Curralão. Descoberta em 1979, a estela funerária procedente da Cerca do Curralão em Almodôvar, apresenta texto dextrorso embora disposto em boustrophedon, onde se reconhecem dezassete letras completas e oito incompletas, constituindo fórmula funerária, possivelmente formada por seis palavras. Estas corresponderão a nome próprio, etnónimo menor, patronímico, cognome ou gamonímico e a etnónimo maior, usado como origónomo.
Aquele último presente em 60% das estelas funerárias da I Idade do Ferro do Sudoeste Peninsular, indica povo, com origem minorasiática, mencionado por diversos autores da Antiguidade como habitando territórios do hoje Baixo Alentejo e Algarve.
O estudo das epígrafes referidas, permite concluir que a escrita dita do Sudoeste Peninsular é alfabética e expressa língua indo-europeia, que usou sete vogais e apresenta bom número de características fonéticas e gráficas, permitindo integrá-la na grande família das escritas e das línguas gregas arcaicas, com maior diversidade na Ásia Menor.
Mário Varela Gomes
The funerary stele from Cerca do Curralão in Almodôvar, discovered in 1979, displays dextrorse text although it is written boustrophedon. Seventeen fully formed letters and eight partly formed letters can be recognised.
They constitute a funerary formula, possibly made up of six words which would correspond to the name, minor ethnonym, patronym, cognomen or gamonymic and the major ethnonym, used as the native name.
The latter is present in 60% of the funerary stelae dating from the first Iron Age in the Peninsular Southwest. It indicates a people of Asia Minor origin who are mentioned by several authors from Antiquity as inhabiting the territories of what is today the Baixo Alentejo and Algarve.
The study of these epigraphs allows us to conclude that the writing termed Peninsula Southwestern is alphabetic, expresses an Indo- European language and used seven vowels. It displays a good number of phonetic and graphic characteristics, thereby allowing us to integrate it within the large family of archaic Greek writing systems and languages with the greatest diversity being found in Asia Minor.
Mário Varela Gomes
Litografia de Maria Gabriel
Litografia a uma côr.
1978 - Título - O desencontro (da série Os Migrantes Mensageiros)
Superfície impressa - 32,5x27,7cm
Papel 55,3x41,9cm
O Museu agradece publicamente a doação desta obra de arte, que já se encontra disponivel na exposição permanente do MAEDS.
Curriculum Vitae
Maria Gabriel nasceu em Lisboa em 1937.
Frequentou os cursos de Gravura na Cooperativa “Gravura” em 1967/68/69.
Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian para a especialização de Litografia na Hochshule fur Bildende Kunst em Hamburgo.
Escreveu em parceria com Alice Jorge o livro “Técnicas de Gravura Artística”.
Ilustrou o livro de Teolinda Gersão “História do Homem na Gaiola e do Pássaro Encarnado”. Executou 100 colagens para o livro de poesia “Sequências” de Liberto Cruz. Leccionou gravura artística e faz parte do Conselho Técnico da SNBA desde 1977.
Expõe desde 1963.
Exposições Individuais (selecção desde 1990)
1991 Instituto português do Oriente, Macau
Cultural Centre, Hong-Kong
1992 Forte de S. Brás, Açores
História Trágico – Marítima, SNBA, Lisboa
2000 Museu do Traje, Lisboa
2003 Galeria y Grego, Lisboa
2008 Galeria CiDiarte, Lisboa
Exposições Colectivas (selecção desde 1990)
1990 Art of Today, Budapeste, Hungria
2000 e 2001 Mote e Transfigurações, SNBA, Lisboa
2001 3ª. Edição do Prémio Amadeo de Souza Cardoso,
Museu Municipal de Amarante
2000 VIIª. Bienal de Artes Plásticas da Cidade do Montijo, Prémio Vespeira
2001 100 Anos 100 Artistas
2003 4ª. Edição do Prémio Amadeo de Souza Cardoso,
Museu Municipal de Amarante
2005 VIII Bienal de Artes Plásticas, Cidade do Montijo
“15 anos 15 artistas” – Casa Garden, Macau
Colectiva – Galeria Corrente d’Arte, Lisboa
2009 Gravuras da Colecção do CAM “1/150 Gravar e Multiplicar”, Casa da Cerca, Almada
“Blink - Gravuras da Colecção do CAM” - Casa da Cultura Islâmica e Mediterrânica, Silves
Representação portuguesa em Bienais de Internacionais de gravura desde 1969 e diversas Bienais integradas na Festa do Avante.
Prémios
1990 Prémio de Artes Plásticas - João Hogan (Voz do Operário, Lisboa)
Prémio Carlos Botelho (Câmara Municipal de Lisboa)
1997 Prémio da IV ª. Bienal de Artes do Sabugal
1999 Prémio em Gravura 20 Anos da Cidade da Amadora
2004 Menção Honrosa na Exposição de Artes Plásticas – Santo Agostinho
2009 Medalha de Honra da SPA.
Obras em colecções
Secretaria de Estado da Cultura, Caixa Geral de Depósitos,
Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Oriente, Instituto Português
do Oriente, Sécil Lisboa e em numerosas colecções em Portugal e estrangeiro.
Peça de Setembro e Outubro de 2012
(clique para aumentar as fotografias)
Estações Pré-historicas dos arredores de Setúbal. Apontamentos para o seu estudo, de A. I. Marques da Costa. Lisboa: Imprensa Nacional, 1910.
Doação ao MAEDS. Nº inv. 3113.
ANTÓNIO IGNÁCIO MARQUES DA COSTA (1857- 1933)
Foi o primeiro arqueólogo a dedicar-se de forma consequente à Arqueologia da Arrábida e do estuário do Sado. Colocou em prática um programa de arqueologia regional, com significativa componente de trabalho de campo e contextualização teórica de nível nacional e europeu. Com uma sólida formação adquirida na Escola do Exército, A.I. Marques da Costa revela nas suas publicações o domínio de conhecimentos actualizados de geologia, arqueozoologia e bioantropologia. A abordagem pluridisciplinar que dispensa à prática arqueológica é enriquecida por invulgar consciência cívica sobre a memória colectiva e o papel central nela detido pelo património cultural e natural. Essa consciencialização levou-o a criticar publicamente a destruição do Castro da Rotura, por exploração de pedra e a interessar-se pelo estudo da formação geológica conhecida por “Pedra
Furada”, hoje classificada como geomonumento. Este estudo, publicado pela Comissão do Serviço Geológico de Portugal, viria a aproximá-lo do geólogo Paul Choffat. No entanto, foi à arqueologia que dedicou grande parte da sua vida, tendo firmado com José Leite de Vasconcelos uma sólida relação de amizade e de colaboração na revista “O Arqueólogo Português”. A. I. Marques da Costa aliou à actividade científica de arqueólogo a carreira militar, onde atingiu o posto de Tenente-Coronel de infantaria; foi professor de matemática no Liceu Bocage e Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, durante a I República. O livro agora doado ao MAEDS, “Estações Prehistoricas, dos Arredores de Setúbal”, de 1910, reúne os artigos que foram sendo publicados em “O Arqueólogo Português”, de 1902 a 1910, especialmente dedicados aos castros da Rotura e Chibanes e à necrópole de hipogeus da Quintas do Anjo. Ao benemérito doador, o Museu agradece publicamente esta obra de referência, imprescindível ao conhecimento do Passado pré-histórico da Arrábida.
Peça de Setembro e Outubro de 2012
(clique para aumentar a fotografia)
Instrumento cirúrgico
Instrumento cirúrgico (espátula-sonda) do período Romano-Repúblicano (meados do séc. I a.C.), encontrado no compartimento R14 do povoado de Chibanes (Palmela).
Peça de Julho e Agosto de 2012
Cadinho de Fundição
Cadinho de fundição de contorno circular, provido de pés e goteira, com cobre aderente. Castro de Chibanes (Palmela). Grupo Estilístico de Palmela do Horizonte Campaniforme. Ca. 2250 A.C.. Escavação arqueológica do MAEDS.
Peça de Maio e Junho de 2012
Estatueta antropomórfica
Estatueta antropomórfica em osso da Época Romana (Baixo Império),
proveniente da oficina romana de preparados piscícolas da Travessa de Frei Gaspar (Setúbal).
Bibliografia: TAVARES DA SILVA, C.; SOARES, J.; COELHO-SOARES, A. (1986) –
Fábrica de salga da Época Romana da Travessa de Frei Gaspar, Setúbal. Actas
do I Encontro Nacional de Arqueologia Urbana (Setúbal, 1985) (Trabalhos de
Arqueologia, 3), p. 155-160.
Peça de Abril de 2012
Inscrição fenícia
Inscrição fenícia em taça de cerâmica da feitoria de Abul (Baixo Sado). Séc. VII a.C.. Escavações arqueológicas de Françoise Mayet e Carlos Tavares da Silva
Peça de Março de 2012
Estela epigrafada
I Idade do Ferro - Cerca do Curralão. Descoberta em 1979, a estela funerária procedente da Cerca do Curralão em Almodôvar, apresenta texto dextrorso embora disposto em boustrophedon, onde se reconhecem dezassete letras completas e oito incompletas, constituindo fórmula funerária, possivelmente formada por seis palavras. Estas corresponderão a nome próprio, etnónimo menor, patronímico, cognome ou gamonímico e a etnónimo maior, usado como origónomo.
Aquele último presente em 60% das estelas funerárias da I Idade do Ferro do Sudoeste Peninsular, indica povo, com origem minorasiática, mencionado por diversos autores da Antiguidade como habitando territórios do hoje Baixo Alentejo e Algarve.
O estudo das epígrafes referidas, permite concluir que a escrita dita do Sudoeste Peninsular é alfabética e expressa língua indo-europeia, que usou sete vogais e apresenta bom número de características fonéticas e gráficas, permitindo integrá-la na grande família das escritas e das línguas gregas arcaicas, com maior diversidade na Ásia Menor.
Mário Varela Gomes
The funerary stele from Cerca do Curralão in Almodôvar, discovered in 1979, displays dextrorse text although it is written boustrophedon. Seventeen fully formed letters and eight partly formed letters can be recognised.
They constitute a funerary formula, possibly made up of six words which would correspond to the name, minor ethnonym, patronym, cognomen or gamonymic and the major ethnonym, used as the native name.
The latter is present in 60% of the funerary stelae dating from the first Iron Age in the Peninsular Southwest. It indicates a people of Asia Minor origin who are mentioned by several authors from Antiquity as inhabiting the territories of what is today the Baixo Alentejo and Algarve.
The study of these epigraphs allows us to conclude that the writing termed Peninsula Southwestern is alphabetic, expresses an Indo- European language and used seven vowels. It displays a good number of phonetic and graphic characteristics, thereby allowing us to integrate it within the large family of archaic Greek writing systems and languages with the greatest diversity being found in Asia Minor.
Mário Varela Gomes
Peça de Fevereiro de 2012
Ídolo cilindro
Ídolo cilindro de calcário com representação de tatuagem facial, proveniente da sepultura 9 da necrópole da Lapa do Bugio (Sesimbra). Trata-se de objecto de carácter simbólico do III milénio A.C. (Calcolítico). Escavações arqueológicas coordenadas por Octávio da Veiga Ferreira.
Bibliografia: CARDOSO, J. L. (1992) - A Lapa do Bugio. Setúbal Arqueológica, IX-X, p. 89-225.
Peça de Janeiro de 2012
Cerâmica manual, com decoração incisa e plástica, de feição celtizante. Depósito votivo de Garvão (Ourique) da 2ª Idade do Ferro (séc. III a.C.). Escavações arqueológicas de C. Mello Beirão, C. Tavares da Silva, J. Soares, M. Varela Gomes e R. Varela Gomes.
Peça de Dezembro de 2011
"Queimador de essências" em cerâmica do depósito votivo de Garvão (Ourique) da 2ª Idade do Ferro (séc. III a.C.). Escavações arqueológicas de C. Mello Beirão, C. Tavares da Silva, J. Soares, M. Varela Gomes e R. Varela Gomes.